Cams.

Camila C. Crosgnac Fracalossi, sagitário, 17 de dezembro de 1990. Médica veterinária, escritora, servidora pública e casada com o Rodrigo. Mãe do Kovu, da Lassie e do Bóris.

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa

Quando eu era criança (ou menor, como preferirem), o domingo de Páscoa era um dia incrivelmente mágico e cheio. Era aquele dia que eu via quase toda a minha família e até ficava cansada de tanta coisa que eu tinha feito. Costumava acordar cedo, por volta das seis da manhã, e seguia as pegadas de farinha que meus pais faziam pela casa toda, pra encontrar meus ovos de Páscoa (o que não era muito difícil, porque o apartamento era pequeno). Depois, eu e meu irmão íamos acordá-los e todos nos sentávamos na cama deles, repartindo todos os nossos ovos.
Quando enjoados de chocolate, nos vestíamos e passávamos na casa da minha avó materna. Lá, geralmente, ganhávamos um ovo da vovó e passávamos um tempinho lá até dar a hora de ir à missa (na época em que eu era coroinha e me considerava de fato católica). Assistíamos à missa e lá encontrávamos meus avós paternos e minha tia, geralmente. Depois da igreja, íamos à casa deles e lá ganhávamos mais chocolate - e encontrávamos nossos primos, tios e almoçávamos por lá, aproveitando ainda boa parte da tarde, até o horário do jogo de domingo terminar. Aí voltaríamos para casa, mas como a passada na casa da outra avó era sempre muito rápida pela manhã, voltávamos lá e ficávamos até a hora do Sílvio Santos sortear a Tele-sena (que eu e meu irmão adorávamos conferir pra vovó). Então já eram umas oito da noite e repartíamos chocolates como janta, porque ainda estávamos empanturrados da comilança do dia, e voltávamos pra casa, tão exaustos que já era hora de dormir.
Hoje foi a primeira Páscoa que eu passei sem nenhum avô ou avó. Demorei ontem a dormir, preocupada com meus estudos e com a mala para voltar para Botucatu - sempre acontece, por medo de esquecer alguma coisa. Mamãe me acordou cedo pra abrir ovos com meu irmão - ela fez as mesmas pegadinhas de farinha, aquelas da minha infância. Quando "encontramos" nossos ovos, vi que eu tinha três: um Nestlê Classic Frutas Vermelhas (meu chocolate preferido), um ovo do Chaves e outro da Hannah Montana. No da Hannah Montana, um recadinho escrito pela minha mãe, como se fosse da minha avó; não consegui controlar o choro, mesmo sem sequer ter lido o bilhete. Nem consegui abrir meus ovos, ainda estão todos fechados. Me enfiei no quarto pra dormir de novo e decidi lê-lo: fi-lo chorando. Sinto enorme falta dela, mais do que de qualquer um no mundo. Já faz quase um ano que ela se foi, mas é inevitável não sentir falta daquela pessoinha eternamente importante pra mim. Por isso, vim desejar-lhes uma feliz páscoa e pedir que aproveitem a presença das pessoas que amam, porque isso é impagável.

Bom finzinho de domingo!
Beijos,

Cams.