Desde pequena, minha mãe sempre sonhou em conhecer o Marajó. Essa vontade foi passada para mim, que desde pequena sempre fui apaixonada por animais - dentre eles, os búfalos. Quando cheguei à FMVZ Unesp Botucatu e descobri que tínhamos búfalos por lá - pelos quais eu passava todos os dias, para minha alegria -, a paixão só aumentou. E então, namorando um paraense e me apaixonando cada vez mais por esse estado maravilhoso, veio a idéia: conhecer, enfim, a Ilha do Marajó. Como me planejei para passar quatro meses por aqui, realizando parte do meu estágio obrigatório, decidi que aproveitaria essa grande oportunidade.
Nossa
viagem começou na sexta feira, dia 18 de março de 2016. Fomos a Soure com a
lancha rápida da empresa Expresso Tapajós,
que sai do Terminal Hidroviário Porto Luís Rebelo Neto (Avenida Mal. Hermes,
901), na Estação das Docas, em Belém/PA. A saída é às 08h00min. As passagens
podem ser compradas pela Internet, no setor de vendas online,
e custam R$48,00 o trecho. A viagem dura aproximadamente 2 horas e é bastante
estável, pra quem enjoa em viagens hidroviárias (mas não dispense o Dramin®
ou o Plasil®, haha), sendo mais curta e tranqüila do que a viagem de
barco.
A lancha
vai primeiro até Soure, onde desembarcamos num trapiche de madeira, e depois
atravessa para o outro lado do Rio Paracauari, indo pra Salvaterra. Descemos em
Soure por volta das 10h00min e a nossa pousada ficava logo à frente,
atravessando apenas uma rua.
A Pousada e Restaurante Ilha Bela
também serve refeições para aqueles que não estão hospedados por lá. Com um
preço que varia de R$40 a R$60 por refeição (serve de 2 a 3 pessoas, dependendo
do apetite), o lugar serve refeições de carne vermelha, frango e peixe, bem
como porções, saladas e pratos individuais.
Logo que
chegamos para a nossa primeira refeição em Soure, percebemos que comeríamos
muito bem durante a nossa estadia. Escolhemos uma refeição de filé a Marajoara
(filé de búfalo com queijo do Marajó, bem diferente da mozzarella de búfala que
conhecemos no Sudeste - parece mais com aquele requeijão mineiro de corte e é
bem gorduroso saboroso haha), acompanhada de arroz à grega, farofa,
feijão e batatas fritas. Pagamos R$60,00 por um prato muito bem servido para
dois gordinhos, haha.
Para quem
tiver a intenção de ficar hospedado na Pousada e Restaurante Ilha Bela,
recomendo verificar a disponibilidade e os preços no Booking.com.
Usei para realizar a minha reserva e depois entrei em contato por telefone com
os administradores da pousada, sr. Niel e dona Bianca. Eles pedem que façamos
um depósito de 50% do valor para segurar a reserva, o que é plenamente justo -
sendo que muitas pessoas cancelavam a reserva em cima da hora ou simplesmente
não apareciam.
A pousada (na verdade, a
cidade) só tem UM pequeno "problema", por assim dizer: nem todo lugar
aceita cartão de crédito. A Pousada
e Restaurante Ilha Bela aceita sob determinadas condições e adicionais, por
isso verifique. Além disso, algumas vezes a indisponibilidade do sinal de Internet
dificulta e impossibilita que alguns locais o façam, por isso tenha sempre
dinheiro em mãos (eu levei todo o montante em dinheiro para não passar por
constrangimentos do tipo).
Aos hóspedes, é servido o café da manhã (incluso na reserva) das 07h00min às 09h00min. São servidos leite, café, suco de frutas, frutas, pão, manteiga (comum e de búfala), queijo do Marajó, presunto e bolo. Além disso, caso o hóspede deseje, eles servem a tapioquinha e o omelete feitos na hora, especialmente para você!
Aos hóspedes, é servido o café da manhã (incluso na reserva) das 07h00min às 09h00min. São servidos leite, café, suco de frutas, frutas, pão, manteiga (comum e de búfala), queijo do Marajó, presunto e bolo. Além disso, caso o hóspede deseje, eles servem a tapioquinha e o omelete feitos na hora, especialmente para você!
Em nosso
primeiro dia em Soure, resolvemos passear nos arredores da pousada para
conhecer, de fato, a cidade. Além disso, queríamos ir a um curtume conhecer e
comprar os produtos em couro de búfalo. Descansamos um pouco depois do
almoço, já que acordamos antes das 05h00min, e saímos por volta das 15h00min.
Subimos pela Travessa 13 e logo na Segunda rua, encontrei búfalos pastando
calmamente no meio de uma área de gramíneas.
Seguimos adiante,
onde encontramos a Paróquia
Menino Deus (Terceira Rua, 1428 - Centro). Apesar de ser atéia, eu
particularmente admiro muito a arquitetura das igrejas e sempre faço questão de
conhecê-las e pedir uma graça pela minha mãe (como ela bem me ensinou).
Respeito muito a fé alheia.
De lá,
continuamos caminhando pelo Centro e demos de cara com um búfalo de carga na
rua, o que é muito comum (mas eu achei o máximo!)...
...e
continuamos o nosso caminho, até chegarmos à pracinha e decidirmos pegar um
táxi para irmos um pouco além do Centro. Nisso, conhecemos o sr. João, taxista
gente boa e super solícito que nos levou até o Curtume Art'Couro Marajó
(Rua Primeira, 450 - Bairro Novo) por um precinho bacana. Lá, comprei presentes
para a minha família, em especial para minha mãe - uma sandália e uma bolsa de
couro de búfalo. O curtume aceita cartão de crédito, o que facilita bastante -
além dos preços, que são muito bons!
O sr. João
nos sugeriu passar em mais alguns lugares, como a M'BARAYO
Cerâmica Marajoara (Travessa 20, entre Terceira e Quarta ruas) e a loja
Pretinho do Bacabeiro. Não guardei o endereço da Pretinho do Bacabeiro, mas
sendo bem sincera, não curtimos - apesar de ter comprado uma camiseta de
búfalo, achei as coisas caras e o atendimento ruim. Mas a M'BARAYO
eu recomendo a visita! Fomos recepcionados pela esposa do ceramista e
pesquisador Carlos Amaral, descendente dos Aruãs, povo indígena local. Ela nos
conta e explica que eles seguem a tradição ceramista da forma mais fiel
possível, usando tinta de pedra (as pedras são moídas e misturadas com água,
dando cor à cerâmica), verniz de dente de porco e os desenhos são feitos com
ferrão de arraia. Isso tudo nos é mostrado pessoalmente, e eu achei o máximo.
Depois disso, a peça vai para o forno e está finalizada. Todas as peças
existentes lá também nos são explicadas segundo o uso na tradição Aruã - peças
de casal, de comemoração dos nascimentos etc. As peças têm uma beleza única e
eu trouxe para mim um prato de parede da Tartaruga (que representa a
prosperidade) e do Sapo (que representa a saúde).
Depois do
passeio, voltamos finalmente à pousada, tomamos um banho e repetimos o mesmo do
almoço no jantar - carimbamos o filé a Marajoara em nossos passaportes, hahaha.
Deixamos combinado com o sr. João, o taxista, o passeio do dia seguinte - o
mais recomendado de todos os que estiveram em Soure: a Praia do Pesqueiro, que
fica a cerca de 13 km do Centro de Soure.
Acordamos
cedo no dia seguinte, tomamos nosso café e nos aprontamos para a praia. O tempo
estava levemente chuvoso, mas eu já havia lido (e percebido, no dia anterior)
que a chuva passava por volta das 10h00min, quando o sol brilhava forte e
vistoso no céu de Soure. E assim saímos da pousada pelas 09h00min e fomos com o
sr. João até lá. Ele mesmo nos recomendou o Restaurante
Recanto dos Guarás, da dona Mirian. Lá, fomos atendidos pelo Sidnei e muito
bem recebidos. Tomamos uma água de côco enquanto o tempo melhorava e logo fomos
dar um mergulho.
Atenção: o Restaurante
Recanto dos Guarás oferece wi-fi e aceita cartões de crédito.
Todavia, esteja preparado para imprevistos e pergunte sempre - assim que
chegamos lá, nos avisaram que o sinal estava fora do ar, portanto não poderiam
aceitar cartões e nem oferecer a Internet grátis. O sinal do celular
também não funciona lá, então caso precise chamar um táxi de volta ou algo do
tipo, peça à dona Mirian para usar o telefone do local.
Depois do
nosso banho, encontramos o Guerreiro, um búfalo. Pudemos montá-lo e passear
nele (sonho da minha vida!) e tirar fotos.
Durante
esse passeio, conheci o Bife (nome dado por mim), um vira-latinha simpático e
companheiro que nos acompanhou durante nossa caminhada pela extensão da praia.
Praia
(deserta!) já explorada, era hora do nosso almoço. Foi a primeira refeição que
variamos: pedimos um prato feito de filé de búfalo a Marajoara (acompanhado de
salada, arroz, feijão, batata frita e farofa) e um prato de filhote (peixe
tradicional da culinária amazônica, muito saboroso!) ao molho de camarão
acompanhado de arroz branco. Bebemos também um delicioso suco de cupuaçu!
A praia
deserta é um verdadeiro paraíso. A gente sente como se a praia fosse nossa.
Além disso, acaba sendo um passeio bem romântico e tranqüilo.
Para
aqueles (como eu) que nunca estiveram em uma praia de água doce, não é tão
diferente das de água salgada: encontrei UMA conchinha para guardar de
recordação e a água tem ondas. A maré mais forte é a da manhã, e deixa a areia
com umas marcas lindas. O que tem de mais diferente é que a cor da água muda -
no Marajó, ela é mais escura porque é salobra, mas é bem limpinha, ao contrário
do que possa parecer aos desavisados.
Marcamos às
14h00min do sr. João nos buscar na praia, e de lá fomos conhecer mais uma
cerâmica: Arte Mangue
Marajó (Travessa 23, 1069 - Pacoval). O artesão, Ronaldo Guedes, foi super
atencioso e tem peças maravilhosas! Senti um pouco menos de atenção do que recebemos
no M'BARAYO,
mas trouxe muitas peças - quadrinhos de cerâmica, miniaturas de peixe-boi e
tartaruga e até mesmo uma xícara marajoara. Gostei muito do trabalho deles. Li
pela Internet que eles ofereciam oficinas de cerâmica, então quem tiver
interesse pode entrar previamente em contato para agendar, caso seja possível.
Voltamos à
pousada e, dessa vez, decidimos por um jantar diferente. Eu tomei um tacacá em
uma barraquinha lá pela beira do Rio Paracauari - paguei R$9,00 pela cuia
grande. Para quem não conhece, tacacá é um caldo feito de tucupi e goma de
tapioca temperados, acompanhando camarões inteiros e jambu, verdura amazônica
conhecida por deixar a boca dormente. O tacacá é servido numa cuia e
normalmente vem com um palitinho ou garfinho para espetar os camarões e o jambu
e misturar a goma com o tucupi para serem bebidos. É servido quente e dá um
calor... hahahahaha!
Dali, fomos
comer um lanche no Burrinho Lanches (Primeira Rua - Centro). Fomos bem
atendidos e os lanches vieram bem gostosos, mas ficamos chateados com a falta
do queijo do Marajó nos mesmos. E o preço é ótimo, vale a pena!
No domingo,
em nossa despedida de Soure, fomos informados que a Polícia estaria montada em
búfalos em frente ao Mercado Municipal, e lá fomos aguardar - mas esperamos e
nada deles. Fiquei chateada, mas segui às minhas compras finais: na loja
Conveniências da Fazenda (Terceira Rua com Travessa 14), comprei filé de búfalo
(R$25,00/kg, mas vendem por peça - a minha custou R$27,00) e queijo do Marajó
(R$22,00 a barra de 500 gramas) e em uma outra loja de laticínios, encontrei a
minha paixão do fim de semana - manteiga de búfala! Paguei R$8,00 o pote. Ainda
sobrou um tempo para subir no coreto e tirar foto, hahaha.
Voltamos
para a pousada, descansamos e descemos para almoçar o nosso filé de búfalo a
Marajoara de todos os dias, haha. Fizemos o check out, fechamos nossa
conta e atravessamos a rua para aguardar a nossa lancha, que passaria primeiro
em Salvaterra e, por volta das 14h30min, sairia de Soure com destino a Belém.
E no meio
do domingo (20/03/2016), a nossa aventura marajoara chegou ao fim, com as boas
vindas virando um "até logo" muito convidativo. Soure nos recebeu
muito bem e foi uma das viagens mais marcantes e especiais que já fiz em minha
vida. Espero voltar um dia e levar pessoas queridas que apreciarão muito esse
passeio.
Contatos:
3 comentários:
Puxa, até fiquei com vontade de conhecer a cidade...
O texto do blog está retratando muito simplesmente e com clareza como fazer um passeio perfeito, com dicas que levam a estadia por lá se tornar mais agradável. A indicação da lancha, passeios, valores, a necessidade de fazer, muitas vezes, o pagamento em dinheiro, já inibe qualquer constrangimento que possamos passar. As fotos também nos levam a querer desfrutar daquela natureza convidativa. Descrição mostra realmente como se locomover e usufruir do lugarejo.
Esse búfalo provou que é Guerreiro mesmo... tadinho dele... hehehe...
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