Em homenagem a Jorge Mario Bergoglio (1936 – 2025), com quem divido meu aniversário, cuja bondade e bom humor sempre me inspiraram a ser alguém melhor.
Jorge tem 5
letras – tal como Jesus.
Tal como Jesus,
Jorge foi um ser humano humilde, doce e corajoso o suficiente para assumir que
amor e respeito são coisas que são dadas a todos – todos mesmo.
Jorge e eu
nascemos no mesmo dia (com 54 anos de diferença). Jorge e eu somos
sagitarianos. Jorge e eu somos latinos. Jorge era argentino, e eu sou brasileira;
Jorge era padre, o Papa, o mais alto cargo da Igreja Católica; eu sou ateia.
Jorge sempre me encheu de orgulho e admiração pela sua postura convicta,
certeira e destemida perante toda a Igreja. Ele não me conhecia, mas sei que sentiria
o mesmo por minha postura diante do que acreditamos juntos, independente de
nossa religião – ou da ausência dela.
Jorge escolheu
a virtude e se doou ao próximo na forma de padre, e enquanto Papa escolheu
representar a América Latina com a latinidade mais pura e subversiva, quebrando
paradigmas e dogmas imbecis que não correspondiam aos verdadeiros preceitos
cristãos. O Papa Francisco nos entregou bondade, humildade e subversividade –
porque amar ao próximo é sim um ato subversivo (principalmente quando o próximo
não é "socialmente aceito") perante aqueles que mais reforçam a sua
"religiosidade".
Vivemos num
mundo onde o cristianismo foi moldado e Cristo, per se, teve sua
mensagem deturpada e estuprada pela Igreja Católica em faces ao capitalismo
conservador. Jesus destruiu, irado, um templo que se usava do nome de Seu Pai
para enriquecer; Jesus estendeu Sua Mão para os mais marginalizados na
sociedade da época, sem se importar se eram pobres, doentes, prostitutas ou o
que quer que fossem; Jesus pregou a igualdade e o amor ao próximo sem se
importar com o que ou quem eram.
Jesus era um
cara daora pra caramba, mas o fã clube que ele deixou às vezes é bem
pavoroso: muitos “cristãos” julgam a sua própria gente – o que já fere os seus
próprios princípios. Ouço de muitos, enquanto ateia, que não vou para o reino
dos céus, e sempre brinco: "Que bom! Tem muita gente lá que eu não quero
encontrar, principalmente depois de morrer!". Eu não acredito em Deus,
então eu também não acredito no demônio. Mas eu tenho a minha própria moral, os
meus princípios, e não vivo assim por ter medo de um inferno: eu vivo meus princípios
porque eu de fato creio neles. Eu não sou contra religiões ou religiosos, mas
se alguém só faz o bem porque tem medo do inferno... ah, meu amigo, você tem um
problema grave.
Vivemos em um
mundo que julga Papa Francisco e Padre Júlio Lancelotti como
"comunistas" e "deturpadores da religião", e é até difícil
explicar o óbvio: se eles estão errados, eu com certeza não farei questão
alguma de estar certa.
Que o argentino
mais gente boa que esse mundo já viu possa levar sua mensagem cheia de
bom-humor, amor e bondade para onde quer que se vá após a morte – e que a
Igreja Católica consiga manter os legados de Jorge Mario Bergoglio vivos. Pode
deixar que eu continuarei comemorando o nosso aniversário.